Projeto: Morar Carioca –Reurbanização do Complexo do Cordovil (Agrupamento 16)
Local: Brás de Pina e Cordovil –Rio de Janeiro/RJ
Cliente: Secretaria Municipal de Habitação
Ano: 2014
Area de projeto: 238.487 m²
População beneficiada: 12.886 habitantes
Número de domicílios beneficiados: 3.391 unidades
A intervenção urbanística em assentos informais implica, por um lado, a discussão de estratégias que visam garantir que a tomada de decisões seja responsiva – aberta – às circunstâncias do projeto, e, por outro, o estabelecimento de princípios norteadores e diretrizes que sirvam de baliza para a escolha entre as alternativas possíveis.
Desse modo, o conceito de projeto que orientou e que se reformula com o desenvolvimento do plano de intervenção:
- prioriza intervenções em espaços desigualmente providos de serviços e equipamentos, em especial nas franjas e áreas intersticiais;
- apoia-se no programa como elemento importante na definição dos fluxos e territorialidades;
- enfatiza a estruturação da área como elemento básico para a intervenção.
Diretrizes foram concebidas a fim de orientar o trabalho. São enunciadas na forma de ideias-força (reestruturar, equilibrar e mitigar), vagas o suficiente, para serem acionadas na medida em que avança o projeto e novas circunstâncias se apresentem. Sua implementação se dá por meio de artifícios (ajustes ou intervenções de pequena monta) e/ou dispositivos (imposição de novos elementos) que buscam ajustes em uma situação existente.
- Reestruturar supõe reorganizar o espaço, de modo a ressaltar potencialidades locais, bem como prover um sentido de unidade;
- Equilibrar implica reduzir desigualdades sócio-urbanísticas entre o Agrupamento Cordovil e seu entorno;
- Mitigar sugere solucionar carências e problemas pontuais em diferentes dimensões (social, ambiental, etc).
As estratégias imaginadas são:
- Incrementar as condições internas de mobilidade e acessibilidade, garantindo permeabilidade à área. Para tal:
- Abertura de vias para dispersar barreiras internas e aproximar os assentamentos das vias de maior circulação, garantindo segurança às áreas internas;
- Abertura de vias e demais formas de acesso de modo que seccionem as fímbrias, garantindo maior identificação entre áreas distintas;
- Implementação de escadas nos desníveis acentuados da Macro-Área, e passarelas sobre o rio e canal, que garantam a mobilidade transversal entre as faixas identificadas no diagnóstico;
- Fortalecer as centralidades existentes e potenciais, de modo a interferir na dinâmica de fluxos, estratégia implementada pelo:
- Aproveitamento das possibilidades de articulação com a metrópole, garantindo acessibilidade às estações de transporte de massa. Por decorrência, garantir centralidade à Avenida Schultz Wenk, promovendo a sua requalificação.
- Distribuir equipamentos públicos a fim de dar a todos condições de acesso equivalentes aos serviços e a equipamentos públicos:
- Provisão de infraestrutura (água, esgoto, iluminação, etc) em toda área;
- Distribuição programática: inserção de equipamentos coletivos (escolas, creches, quadras, etc) e agências de serviços públicos.
- Atuar com o fim de mitigar situações localizadas que, caso mantidas, contribuiriam para manter ou acirrar problemas, carências e desigualdades:
- Eliminação de riscos geológicos;
- Correção de partes dos sistemas de drenagem para reduzir a recorrência de alagamentos, que deverá ser acompanhada por legislação e respectivos mecanismos de controle quanto à ocupação do solo, a fim de garantir condições de permeabilidade do terreno;
- Legislação e controle para a ordenação do sistema de coleta e disposição de resíduos sólidos;
- Desconcentração de áreas consideradas insalubres por meio da abertura e alargamento de becos e vielas. Espaços assim surgidos serão aproveitados como áreas de respiro e convivência, que possibilitarão a melhoria das condições de ventilação, insolação, além de acessibilidade, que associados à arborização da área, podem contribuir para a melhoria do microclima local.