Complexo da Penha

 

projeto: Reurbanização do Complexo da Vila Cruzeiro – Parque Proletário da Penha, Vila Cruzeiro, Vila Cascatinha e Morro do Cariri.

local: Penha – Rio de Janeiro/RJ

cliente: Secretaria Municipal de Habitação

ano: 2011

área de projeto: 787.591,00 m²

população beneficiada: 36.778 habitantes

número de domicílios beneficiados: 10.508 unidades

A correspondência entre as estruturas do espaço social e as do espaço físico manifesta-se na cidade na forma da proximidade, da distância, e da diferenciação territorial. A proximidade garante as condições de permanência de um grupo e das relações sociais que constituem os indivíduos. Ela facilita a socialização, o que implica a consolidação do aparato cognitivo – conceitos, códigos morais, lingüísticos – com o qual se lida com o mundo. Assim, uma comunidade – grupo territorial com relações de reciprocidade – serve de referência e contribui para realizações individuais e coletivas. A distância, por sua vez, que pode ser medida no espaço ou pelo tempo de deslocamento, implica diferença na apropriação da cidade: bens, equipamentos e serviços públicos, produtos do trabalho social, que estão desigualmente distribuídos no espaço urbano.

A diferenciação territorial de um grupo diante de outros espacialmente próximos, quando experimentada como segregação ou distância no espaço social, reforça no aparato cognitivo de cada grupo uma posição social face ao outro, contribuindo para naturalizar desigualdades sociais entre eles.

As distinções no espaço social equivalem às oposições no espaço físico e implicam oportunidades desiguais entre indivíduos e grupos.

O espaço urbano reflete a lógica de uma sociedade e também aporta elementos que permitem modificá-la ou reproduzi-la, concorrendo, nesse caso, para sua relativa imobilidade. A intervenção urbanística se aproveita dessa correspondência para fazer com que a estrutura do espaço físico participe na conservação ou transformação da estrutura do espaço social.

Foi concebido para ser a integração entre  a cidade informal e a cidade formal, trazendo para as comunidades toda a infaestrutura disponível para cidade formal.  Tivemos como princípios norteadores das intervenções  a instalação de infraestrutura, como esgotamento sanitário, água encanada, iluminação pública e sistemas viários.

A essência do problema dos assentamentos informais no Rio de Janeiro é a coexistência de grupos sociais em condições distintas na apropriação da oferta de serviços públicos e na exposição dos riscos associados à vida urbana (insegurança, poluição).

Essas áreas, caracterizadas pela informalidade, não alcançadas por parte dos serviços públicos, constituem espaços fragilmente integrados ao entorno urbanizado, sobre o qual exercem influência, contribuindo para a degeneração do tecido urbano existente. A urbanização de assentamentos informais significa uma estratégia de transformação espacial como forma de atingir novas condições de sociabilidade.

DIRETRIZES DO PROJETO

  • desadensamento de áreas de baixa salubridade devido a condições de ventilação e iluminação;
  • desadensamento de áreas com o propósito de criação de áreas livres, de lazer e/ou para referenciais paisagísticos ou urbanísticos, áreas para atividades ou equipamentos coletivos;
  • provisão de infraestrutura relacionada às condições de saneamento e salubridade
  • redesenho do sistema viário com o fim de garantir acessibilidade , mobilidade externa e interna, a chegada dos serviços públicos que dependem de meios de locomoção (coleta de lixo, ambulância; polícia) e a integração com o sistema viário existente;
  • atenção às áreas de risco de modo a promover sua reintegração à natureza e garantir a segurança dos espaços adequadamente ocupados;
  • prover a oferta habitação por reassentamento e melhoria das habitações existentes.