Arenas Cariocas | COT

projeto: Construção das Arenas Olímpicas Cariocas

local: Avenida Embaixador Abelardo Bueno –Barra da Tijuca –Rio de Janeiro/RJ (Parque Olímpico)

cliente: Concessionária Rio Mais SA

ano:2013

área de projeto: 78.836 m²

 

O conjunto das Arenas Cariocas, que abrigarão as competições olímpicas de basquete, judô, lutas livre e greco-romana, esgrima e taekwondo, é composto pela união de três compartimentos distintos identificados como Carioca 1, Carioca 2 e Carioca 3.  Nas paralimpíadas, os edifícios receberão ainda basquete e rugby em cadeira de rodas, bocha e judô paralímpico. Após o término dos jogos, a edificação será mantida como Centro Olímpico de Treinamento, que atenderá atletas de diversas modalidades esportivas, e contará ainda com a área de competição e arquibancada da arena Carioca 1.

No desenvolvimento do projeto esses três momentos distintos foram levados em consideração, de acordo com os usos da edificação em cada modo de sua configuração: modo jogos olímpicos, modo jogos paralímpicos, e modo legado.

Sendo o uso que perpetuará por mais tempo, o modo legado teve sempre peso determinante nas tomadas de decisão do projeto.

Foram projetadas arenas interligadas internamente, embora sejam estruturalmente independentes – o gradiente dos gabaritos das coberturas garante que visualmente se faça a distinção entre elas. Para que se dê a coesão deste conjunto, foi criada uma fachada contínua, ininterrupta, que contorna e une os três edifícios. Durante os jogos, haverá entre eles uma separação interna dos fluxos, e barreiras acústicas impedindo que os ruídos de uma arena interfiram em outra. No legado, porém, essas separações são removidas juntamente com as arquibancadas das arenas 2 e 3, e o conjunto formará um grande espaço integrado, constituindo-se um centro de treinamento esportivo.

As edificações estão implantadas no terreno longitudinalmente no sentido sul-norte, sendo a Arena Carioca 1 a que fica mais a sul, já próxima a Arena do Futuro que abrigará as competições de Handball. A leste do conjunto, passa a Via Olímpica, a grande circulação que percorre toda a extensão do Parque Olímpico e que se conecta à Arena Carioca 1 através de uma passarela que chega à laje do primeiro pavimento da edificação. As demais arenas são acessadas pelo térreo, mas possuem todas as três escadas e rampas externas que conduzem à primeira laje. A oeste das arenas, ficará a parte de overlay e todas as instalações temporárias necessárias para a realização dos jogos.

A estrutura é composta de pilares, vigas e lajes de concreto, quando se trata de elementos que permanecerão no modo legado. Em cada arena há quatro núcleos de circulação vertical com  escadas e elevadores, dispostos por quadrantes, que são constituídos de paredes estruturais de concreto moldado in loco. Os elementes que serão utilizados nos jogos, mas desmontados posteriormente, são sustentados por estruturas metálicas independentes, o que é o caso das arquibancadas das arenas 2 e 3, parte da arquibancada da arena 1, e de algumas lajes que serão retiradas para a flexibilização do layout no legado.

A fachada é composta por mastros de Madeira Laminada Colada (MLC) que transferem suas cargas verticalmente sobre a laje de circulação externa e horizontalmente solidarizadas aos pilares de concreto armado. Estes mastros, com alturas variáveis, são responsáveis por sustentar um “véu” de tela expandida. Este sistema (mastros + tela), além de contribuir para amenizar a incidência solar, compõem a solução que dá a coesão desejada.

Os 285 mastros de madeira da fachada, que possuem altura entre 7 e 15 metros aproximadamente, foram montados no solo e posteriormente içados e fixados na laje do nível do primeiro pavimento por meio de uma base em aço inoxidável. Em sua parte superior, os mastros foram ligados por hastes metálicas a uma viga fixada nos pilares principais de concreto.

O uso da madeira nas fachadas é uma das particularidades do projeto, já que esse não é um material comumente associado a edificações esportivas, e mesmo fora desse tema, seu uso não é tão difundido quanto poderia. No entanto, a utilização desta se mostrou pertinente como estrutura da fachada das arenas e optou-se por ela, reafirmando a ideia de que a madeira pode ser utilizada com diversas funções nas construções contemporâneas.

A tela metálica expandida foi constituída e fixada na forma de módulos, conferindo, na totalidade da fachada, um contorno sinuoso que se adapta às alturas dos diferentes trechos das coberturas e aos acessos na parte inferior. Essa superfície sinuosa da tela tem uma função amezinadora das condições externas, ajudando a atenuar a incidência solar e a entrada de água das chuvas na circulação em volta das três arenas, o que traz ganhos no conforto térmico para as edificações e cria um ambiente de transição entre o exterior e o interior.

Na cobertura, estruturada por treliças metálicas, foram colocadas telhas com formato trapezoidal perfuradas. Para garantir o isolamento acústico, o sistema foi preenchido com lã de rocha e, na sequência, placas de poliisocianurato, material de alta densidade que contribui para o isolamento térmico. Por fim, a cobertura recebeu uma membrana modelo UltraPly TPO. A iluminação zenital, composta de tubos difusores de luz natural do tipo Solatube, dispostos pontualmente pela cobertura das três arenas, será importante para garantir iluminação natural nos edifícios especialmente no modo legado, já que nos jogos se utilizam, sobretudo, sistemas de iluminação esportiva artificial.

Além dos Solatubes, outras soluções foram implantadas para a economia de recursos, como o reúso de água (foram construídos dois reservatórios acima dos núcleos de escadas da arena 1), a utilização de equipamentos sanitários econômicos, o tratamento térmico das coberturas, e a proteção da fachada pelas telas metálicas expandidas.

Quanto à acústica, os principais itens considerados foram o condicionamento das arenas e o isolamento com o objetivo atenuar a transmissão do ruído aéreo, ruído via estrutura (ressonância), ruídos de chuvas e de vibração para o interior do prédio, ou desse vindo do espaço exterior e conseqüentemente edifícios vizinhos.  Foi projetado um envelope através de sistemas construtivos em alvenarias, fechamentos verticais em painéis acústicos com estrutura metálica e a própria cobertura que foi projetada com um componente de isolamento acústico e outro de amortecimento do ruído de impacto de chuvas.  Para o condicionamento acústico das arenas foram definidos materiais de acabamento com características absorventes, os materiais acústicos propriamente ditos como absorventes nas superfícies verticais da arquibancada e, notadamente da cobertura, através de mantas acústicas absorventes sobre chapa metálica perfurada.

As arenas possuem dois pavimentos de uso do público, por onde se acessam as arquibancadas, áreas de apoio, sanitários e serviços. Há também os pavimentos técnicos, que tem área menor e acesso restrito, onde ficam equipamentos como os de ar condicionado. Cada arena possui suas especificidades de programa, conforme as modalidades esportivas previstas.

Em relação ao uso, o térreo é o pavimento onde estão grande parte das áreas de apoio aos jogos, ele se conecta a instalações temporárias que ficarão a oeste do edifício nas olimpíadas e paralimpíadas, e é nesse nível que estão as áreas de competição, ou seja, há um grande fluxo de atletas, oficiais e de força de trabalho. Os setores a leste, onde está a Via Olímpica e por onde chega parte do público, há também sanitários e espaços destinados a concessões.